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Entrevista | Alvaro Dias afirma que Bolsonaro corre risco de ser responsabilizado pelos cadáveres inevitáveis

Por: Marcos Schettini
06/04/2020 15:32 - Atualizado em 06/04/2020 15:37
Luiz Wolff

Líder do Podemos no Senado, presidenciável com destaque nas eleições de 2018, senador pelo quarto mandato, ex-governador do Paraná, Alvaro Dias tem histórico de oposição aos governos de esquerda, mas não deixa de se posicionar fortemente com as atitudes do presidente Jair Bolsonaro.

Sob pandemia, o senador observa que a união de esforços apresentaria uma nova realidade ao Brasil neste momento, afirmando que há ausência de competência na Presidência da República. Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista Marcos Schettini, o parlamentar disse que Bolsonaro “é um simulacro de líder”, que está isolado e não possui força para um Golpe de Estado.

No cenário catarinense, embora o Podemos tenha investido na defesa do deputado federal Rodrigo Coelho, evitou comentar sobre a derrota no TSE. Ainda, disse que estava construindo um partido como ferramenta política à disposição da sociedade, mas que agora o momento recomenda prudência e desprendimento. Confira:


Marcos Schettini: O que deve ser feito, na prática, para evitar um colapso nacional do Sistema de Saúde atacado pelo coronavírus?
Alvaro Dias: A única alternativa comprovadamente positiva é o isolamento social. O sucesso dessa providência depende de comando e conjugação de esforços. Falta-nos na Presidência da República liderança para coordenar o processo, estabelecendo necessária integração administrativa entre união, estados e municípios. Se isso fosse realidade os resultados seriam outros.

Schettini: O Senado deve aprovar a PEC do chamado orçamento de guerra. O que deve ser feito com estes recursos?
Alvaro Dias: Estamos avaliando alguns dispositivos que preocupam. O art. 10, por exemplo, autoriza o BC adquirir títulos dos bancos. Qual e o objetivo? Garantir na crise o lucro dos banqueiros que tiveram no ano passado fantástico e histórico resultado de mais de cem bilhões? É evidente que queremos oferecer os instrumentos jurídicos necessários para que o governo possa irrigar a economia, mas que se faça com cuidado a leitura correta das prioridades.

Schettini: O ministro Mandetta tem sido alvo de ataques fortes dos bolsonaristas. Por que esta ala faz política com o coronavírus?
Alvaro Dias: A ausência de um líder competente na Presidência estimula o fogo amigo. A fogueira das vaidades arde forte e coloca os interesses mesquinhos dos que competem para assumir protagonismo egoísta acima da vida de milhares de pessoas. Em relação a essa tragédia não há solução. Afinal, liderança não é um produto que se adquire em supermercado.

Schettini: A popularidade do presidente tem caído dia a dia. O que vai ocorrer?
Alvaro Dias: Teremos até o fim um governo nervoso, inseguro, incompetente, contraditório, que faz opção pelo espetáculo. O governo desperdiçou oportunidades no ano passado e não avançou nas reformas. Agora, o itinerário é mais tortuoso e o comando em mãos claudicantes dificulta nossos passos futuros. O Legislativo terá que ser mais eficiente, colaborar para evitar o pior.

Schettini: O senhor acredita que o presidente possa dar um Golpe de Estado e fechar o Congresso e STF?
Alvaro Dias: O presidente é hoje um simulacro de líder. Isolado e sem força. Não há risco de golpe.

Schettini: Ao afrontar as orientações e diretrizes da OMS e cientistas, o presidente corre qual risco?
Alvaro Dias: O risco histórico inapagável de ser responsabilizado pelos cadáveres inevitáveis.

Schettini: O Fundo Partidário pode ser destinado no combate ao coronavírus. O TSE não deveria fazer o mesmo e trocar a data da eleição?
Alvaro Dias: Embora diante da magnitude dos números dessa crise histórica seja uma gota no oceano, é lúcido extinguir temporariamente o fundo eleitoral e usar esses R$ 2 bilhões no combate a pandemia. Mesmo que as eleições não sejam adiadas.

Schettini: O senhor é a favor de eleições unificadas?
Alvaro Dias: Admito esse debate e simpatizo com a tese como solução estimulada pela crise que legara vários anos de dificuldades.

Schettini: Qual é sua participação nas eleições de 2022?
Alvaro Dias: O tempo dirá. Agora as preocupações são impostas pela urgência da crise. Estávamos com entusiasmo construindo um partido com o sonho de vê-lo como ferramenta política à disposição do povo na luta por mudanças indispensáveis. Fomos parados pelo coronavírus e o que se recomenda agora é prudência e desprendimento.



Schettini: O Podemos tem apoiado iniciativas do Governo Federal. Pode haver um rompimento

Alvaro Dias: Apoiamos sempre o que é bom para o país. Mas somos independentes. Estamos distantes do governo. Não participamos do balcão de negócios que continua de pé. O toma lá dá cá não foi sepultado. O presidente se esforça para demonstrar valentia diante da população, mas se entrega aos acertos das madrugadas da política. Não compactuamos com isso e queremos distância. Mas continuaremos a apoiar bons projetos e iniciativas administrativas que beneficiem nosso povo, sem barganhas.

Schettini: Paulinho Bornhausen tem quais desafios para o Podemos em SC?
Alvaro Dias: Está enfrentando o desafio da construção partidária com competência. O Podemos em SC será uma máquina lubrificada por ideais republicanos e oferecerá, certamente, contribuição importante na briga por mudanças no Brasil. Estamos botando fé e apostando no projeto liderado pelo Paulinho.


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